Achei que consegui transmitir o que queria nesse capítulo, ideologia. O quão longe alguém vai por sua ideologia, sua crença? O mundo atualmente anda bastante abalado com todos esses assuntos relacionados ao Estado Islâmico, e acabou que Sypher me deu uma brecha maravilhosa para tratar assuntos parecidos.
Não espere por uma reprodução de guerra EUA x EI, afinal Sypher tem os seus próprios conflitos para resolver, certo?
O capítulo é bem curto, realmente, porém a partir de agora serão curtos para facilitar a leitura. Nem todo mundo tem tempo, ou paciência de ler um capítulo enorme, então diminuir o tamanho pode facilitar a leitura (e minha escrita, se tudo der certo).
É isso aí, pessoal, até a próxima e boa leitura a todos!
Este é o capítulo 4 do volume 2 de Sypher, para ler os capítulos anteriores, acesse a página da obra.
Capítulo 4 –
Fé
Abro
meus olhos, e um mar de rosas cobre todo o meu campo de visão. O vento
acariciava meu rosto enquanto eu analisava o ambiente.
Esse
lugar parecia muito com o paraíso descrito para mim quando criança. Flores, um
céu azul, e paz. Quem sabe eu finalmente estou morta?
“Tecnicamente,
você ainda não morreu.”
Subitamente
toda a ternura e paz que rondava por todo o ambiente se foi. As flores morriam
aos poucos enquanto o céu escurecia. Meu mundo estava desabando.
Fechei
meus olhos por alguns instantes, na esperança de que isso fosse apenas uma
ilusão, e dessa vez, funcionou. Ao abrir meus olhos, o céu azul pairava sobre
mim, junto ao enorme buraco no céu.
Me
sentei e passei a mão no meu cabelo, retirando-o dos meus olhos. Minha cabeça
dói, e minha visão está meio embaçada, se ajustando à claridade.
Procuro
analisar o local, para poder me localizar, porém algo sinistro estava ao meu
lado.
Um
cavaleiro mascarado, vestido com um sobretudo azul e uma armadura simples,
estava sentado ao meu lado, encarando-me.
Era
impossível não notar os seus cabelos extremamente longos, e principalmente a
sua coroa que parecia flutuar em sua cabeça. Nas suas costas, repousava um
arco, e ao lado do cavaleiro, um cavalo branco sentava calmamente.
“Finalmente
acordou, Emunah[1].”
O cavaleiro proferiu, retirando a máscara.
Um
cavalo branco, arco e flechas. Ele só pode ser o primeiro cavaleiro do
Apocalipse! Certo, preciso me acalmar, e não fazer nada idiota, ou acabarei em
pedaços. Jogarei o jogo dele, por enquanto.
“Me
desculpe, mas do que você está falando?” Perguntei a ele.
Ao
retirar a máscara, pude ver seu rosto. Um rosto com olhos confiantes, e uma
expressão digna de um Cavaleiro de Deus. Seus olhos púrpuros penetravam a minha
alma, lendo todas as minhas expressões e pensamentos.
“Me
sinto triste, Emunah... como você não se lembra de mim?”
Ele
me faz essa pergunta como se eu o conhecesse. É claro que o conheço, mas apenas
pelas escrituras da Bíblia, nada mais. Existem diversas formas de interpretação
do seu propósito.
Alguns
dizem que ele é o Anticristo, outros dizem que ele significa a prosperidade do
Império Romano, a qual acho que deveria ter sido traduzida hoje para a
prosperidade da Raça Humana.
“Creio que não nos conhecemos, talvez você
esteja se confundindo com alguém...” Me levantei, apoiando-me na parede.
“Resposta
errada...” Ele segurou meu braço, me ajudando a ficar de pé. “Quem você acha
que ensinou você a usar uma espada?”
“Foi
o meu pai.” O respondi, soltando meu braço.
O
cavaleiro balançou a cabeça em desaprovação e voltou a falar.
“Resposta
errada novamente, Emunah. Parece que nosso Senhor apagou sua memória... mas por
quê?”
“Eu
juro que não sei do que você está falando. Apenas me deixe ir.”
Tentei
me dirigir à saída, porém o cavalo branco me impediu. O cavaleiro sentou
novamente, e apontou para uma pedra, me “convidando” para sentar. Fiz o que ele
sugeriu, e me sentei frente a ele.
Ele
então, quebrou o silêncio.
“Não
farei rodeios. Você é um anjo, Emunah.” Ele disse, cruzando os braços.
Espera
um pouco! Isso não tem o menor cabimento, como eu posso ser um anjo? Todos os
anjos que encontrei queriam me matar. Esse cara só pode ser louco.
“Isso
não faz o menor sentido, me desculpa ter que dizer isso. E pare de me chamar de
Emunah, meu nome é Rydia.” Disse a ele, um pouco mais nervosa que o normal.
O
cavaleiro continuou.
“É
a mais pura verdade, você foi o anjo escolhido para trazer a Fé para o mundo,
Emunah, honrando o significado do seu nome. Desde os tempos remotos, você
esteve espalhando a vontade de Deus, e cumpriu seu dever de forma exemplar.”
Suspirou. “Porém, seu trabalho acaba hoje, e Deus precisa que você o ajude, ou
melhor, que me ajude.”
Deus...
quer a minha ajuda? Isso é... inimaginável.
[...]
O
que eu estou pensando! Esse Deus não é o mesmo que eu tanto venerei durante
minha vida. Ele é mau, e está destruindo o meu mundo, minha vida.
“Você
está mentindo! Deus não é bom, e eu não sou um anjo, sou apenas uma humana
tentando sobreviver ao caos que esse seu suposto Senhor criou!”
O
cavaleiro suspirou, e retrucou, coçando as bochechas.
“Nosso Senhor, Emunah. Eu poderia
facilmente usar meus poderes para que você viesse comigo, mas não farei isso, e
você sabe por quê?” Pausou por alguns instantes. “Porque você é a própria fé de
Deus.”
O
que ele quer dizer com isso? A própria fé de Deus? Esse cara é um louco!
[...]
E
se ele estiver dizendo a verdade? Eu simplesmente não consigo excluir esse pensamento
da minha cabeça. Justo quando eu finalmente estava me desvinculando de tudo
isso, alguém teve que aparecer e abalar meu mundo novamente.
“O-o
que você quer dizer com isso? Como assim a própria fé Deus?” Fui obrigada a
perguntar.
“O
ser humano, no início da sua existência, não passava de um simples pedaço de carne
viva. Não esboçava emoção, não apresentava um pingo de conhecimento.”
O
cavaleiro levantou-se e começou a caminhar pelo local, sem parar de contar a
história. Sua voz era suave, e fez com que eu ficasse completamente absorvida
na história.
“Nosso
Senhor então, decidiu dar a eles várias coisas que apenas nós, seres divinos,
tínhamos. Inteligência, fé, os sentimentos, consciência. Com isso, o ser humano
passou a se tornar um ser novo, uma cópia imperfeita de seres divinos, mas que
tinham um diferencial.”
“O
livre-arbítrio.” Completei.
“Exatamente,
enquanto os anjos permaneciam sujeitos às ordens de Deus, os seres humanos
tinham total controle de suas ações.” Suspirou. “De qualquer forma, graças ao
livre-arbítrio, a fé que Deus os deu, foi basicamente descartada, afinal, se
eles tinham controle de suas ações, por que não escolher no que acreditar?”
E
pensar que desde o início dos tempos, os seres humanos questionavam esse tipo
de coisa.
“Se
a fé foi descartada, como Deus fez com que a humanidade acreditasse?”
Perguntei, ansiosa pela resposta.
“Vejo
que está gostando da história, Emunah.” Sorriu.
Por
algum motivo, eu já não ligava mais para o que estava acontecendo. Eu
simplesmente queria ouvir a história, e descobrir mais sobre Deus.
“Bem,
o melhor jeito de fazer com que um humano acredite em algo, é instiga-lo a
questionar, e nada melhor do que mandar outro “humano” fazer isso.”
Obviamente
fui obrigada a perguntar.
“Eu...
não entendo.”
O
cavaleiro sorriu novamente, e então continuou.
“Deus
encarnou a fé em um corpo humano––– você. E através de você, Deus criou
questionamentos nos quais as únicas conclusões que os humanos chegavam eram que
Deus, de fato, existia.”
Isso
é... incrível.
“Você
então passou a guia-los, os ensinou a acreditar piamente em Deus, mostrou a
eles a verdade, os levou a uma era de paz.”
O
cavaleiro estendeu a mão para mim, como se quisesse me ajudar a levantar.
“E
é por isso que preciso que você me ajude, Emunah, ou melhor, deixe-me ajudá-la
a cumprir o seu destino por inteiro, venha comigo levar a fé para todos, e
assim levá-los até os braços de nosso Senhor.”
Segurei
a mão dele e me levantei. Apesar de tudo que aconteceu comigo durante esse
caos, sempre senti que havia algo errado, e finalmente Deus me enviou a
resposta.
Agora
eu sei o que realmente devo fazer.
“O
que devo fazer para servir o nosso Senhor?”
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