Sypher: O Retorno do Rei Absoluto - Capítulo Final




Calma! Muita calma. Esse capítulo é o último capítulo do volume 1: O Retorno do Rei Absoluto. Então preparem-se que logo, logo estará disponível o Volume 2: A Conquista! Sobre o volume completo para download, assim que possível será disponibilizado. Até o próximo post!



O Absoluto:

O Paraíso, o lugar onde todos os anjos residem atualmente, e também o local em que o Deus Absoluto governa. 

A cidade Paraíso é a maior e a mais importante entre todas do lado Divino. Uma cidade em que sempre há serenidade em cada esquina, e onde há também o grande e imponente castelo do grande Deus. Todo anjo que se preze deve sempre prestar uma homenagem para seu rei maior todos os dias, para que recebam a benção divina.

Entretanto, nenhum anjo está fazendo isso atualmente. O motivo é simples, todos eles estão em guerra, e os inimigos são os humanos. Praticamente toda a população da cidade foi mandada à guerra, tendo em vista que todos os anjos recebem treinamento militar quando crescem.

Eram 46:97, o horário humano equivalente é 21:35. Uma misteriosa mulher andava pelos enormes corredores feitos do material mais resistente que pudesse existir, nada podia penetrá-lo, nem ao menos manchá-lo, tudo para que nada pudesse atingir Deus. Seus cabelos eram vermelhos, bem próximo à cor do sangue, e seu olhar era perigoso, cheio de ódio. Seu corpo era o mais bonito e mais bem distribuido do que o de qualquer pessoa, ou anjo, pudesse observar, afinal ela também foi totalmente criada à dedo pelo querido Deus Absoluto. A misteriosa mulher para na frente de uma grande porta, totalmente decorada com detalhes feitos de pedras brilhantes.

"... ter que enfrentar o velho agora..."

Com um enorme suspiro, a misteriosa ruiva coloca ambas as mãos na porta e recita um encanto especial conhecido apenas por indivíduos selecionados por Deus, ou seja, apenas seres que fossem equivalentes aos poderosos Querubins.

Após o encantamento, era possível ouvir barulhos parecidos com os de destrave, e então a enorme porta foi se abrindo lentamente, na verdade ia se desintegrando.

Logo depois da total desintegração da porta, a ruiva começou a dar leves e suaves passos em direção ao final do salão que havia aparecido diante dela.

O salão do Deus Absoluto. O lugar mais bem protegido de todo o universo. O lugar onde Deus permanecia, observando tudo e a todos.

O salão era praticamente vazio, tudo ao redor era branco, era como se alguém entrasse na própria cor branca. As únicas coisas que podiam ser vistas eram duas pessoas, uma sentada em um sofá branco, e a outra em cima de uma nuvem.

De repente, o homem sentado no sofá dirige a palavra para a ruiva,

"Olá, Mirilim. Finalmente voltou da Terra."

Olhando com o canto dos olhos e sem mostrar o menor interesse, a ruiva, chamada Mirilim responde.

"Ah, é só você, Jesus..."

"Como assim, 'é só você'? Além disso, já falei para não me chamar mais de Jesus, afinal essa história já aconteceu há 2014 anos atrás, deixe-a pra lá..."

O homem que aparentava ter seus trinta e tantos anos fazia gestos com a mão enquanto explicava o porque de não o chamar de Jesus. Entretanto...

Ao fundo do enorme salão havia um homem, com cabelos grisalhos, olhos totalmente brancos, e um pequeno cavanhaque. Este mesmo homem, que vestia apenas a sua própria nudez, comia uma maçã, e logo após mordê-la, se pronunciou.

"Bem-vinda de volta, minha linda e querida Mirilim, acredito que tenha terminado o seu trabalho, certo?"

Com uma aura doce, e gentil, quem acabara de se pronunciar era o temido Deus, enquanto olhava atentamente para a maçã em sua mão.

"Oh, pai, creio que consegui completar com sucesso vosso pedido, a única coisa que não entendo é o porque de revelar informações para um ser humano. Não há qualquer sentido em tal ato."

Deus, quem antes emanava uma aura inofensiva, encarou ferozmente Mirilim, após tais palavras. Seus olhos gritavam o terror das mais pavorosas punições. Aterrorizada, Mirilim se ajoelha e pede perdão.

"Claro que eu nunca iria duvidar das vossas ações, meu bondoso pai."

"Sim, eu sei minha filha."

Apesar da aura assassina, Deus a respondeu com um tom doce e carinhoso. Mirilim continuou ajoelhada, enquanto o homem sentado no sofá se levanta e põe uma das mãos em seu ombro, dizendo.

"Já chega, Mirilim, não precisa continuar ajoelhada, afinal ele já a perdoou, certo?"

Com certa incerteza, Mirilim ergue-se lentamente. Em seguida retira a mão do seu irmão de seu ombro, e suspira, indo em direção à porta.

Entretanto, Deus não havia acabado sua conversa.

"Para onde vocês dois pensam que vão?"

E com apenas uma frase, milhões de sentimentos horríveis atravessaram os irmãos como se fossem lanças dos poderosos e temidos guerreiros espartanos.

"Hehe... bem... eu pensei que a conversa já havia terminado, então estava levando a Mi-"

"Fique em silêncio, Nisidhe. Não quero fazer algo que eu não gostaria."

"..."

O grande e temido Deus, o criador de todas as coisas, quem permanecia sentado em uma nuvem, resolve se levantar. Se já não bastasse a pressão psicólogica exercida por ele, seu porte físico também é capaz de trazer uma pressão ainda mais aterrorizante, ainda mais quando o mesmo resolve materializar uma enorme espada em uma das mãos.

Com a maior precaução possível, Mirilim tenta conversar com seu pai.

"Meu querido pai, creio que não será necessário tal ato. Já lhe entreguei as minhas mais profundas desculpas e-"

"Nisidhe, pegue essa espada."

Ambos os irmãos ficaram confusos com a sentença de Deus, porém sem questionar, Nisidhe pegou a espada das mãos de seu pai.

"Quero que você vá ao submundo com sua irmã e tenha uma reunião com o Diabo. Não se preocupe, ele não irá atacar nenhum de vocês dois."

Nisidhe novamente sem questionar, balança a cabeça para confirmar que está apto, ee em seguida, caminha para fora da sala. Entretanto, Mirilim permaneceu diante de seu pai. Ela queria perguntar mais uma coisa antes de ir.

"O senhor acha que uma mera espada vai convencer o Diabo a se juntar a nós?"

Após ouvir a pergunta, um sorriso aparece no rosto de Deus.

"Haha! Ele não recusaria sua própria arma de guerra."

"Aquela espada é a Espada dos 496 Selos? Eu pensei que ela havia sido destruída junto das outras armas durante a primeira repovoação, quando o senhor criou os outros deuses..."

"Há diversas coisas que você, minha querida filha, não sabe, e não deve saber, para o seu próprio bem. Eu já lhe disse que a curiosidade matou inúmeras pessoas, não gostaria que ela matasse mais alguém.

"S-sim... bom, com licença, irei agora mesmo ao submundo."

Após se curvar em respeito a Deus, Mirilim andou rapidamente para fora do salão. E então, Deus estava novamente sozinho em seu enorme aposento. Após confirmar a saída de Mirilim, Deus voltou a sentar em sua nuvem, pegou uma maçã, e disse depois de abocanha-la.

"... filhos, sempre curiosos.  Fufufufu!"

"Tenho que concordar com vossa alteza."

De dentro de toda a brancura e pureza do salão, um cavaleiro de armadura simples aparece enquanto se dirigia a Deus formalmente. Junto a sua armadura, o cavaleiro vestia uma espécie de sobretudo azul que lhe cobria os braços, e descia até parte de seu joelho.

O cavaleiro tinha cabelos brancos como a neve mais pura, e carregava em suas costas um arco. Em volta da sua cabeça, um círculo branco e brilhante, pairava, sem nenhum detalhe, apenas uma espécie de coroa lisa e simples. Seu rosto era coberto por uma máscara negra e fosca, que cobria-lhe inclusive os olhos.

Deus, nada impressionado com a aparição do cavaleiro mascarado, joga uma maçã para o mesmo. O cavaleiro rapidamente puxa seu arco e atira uma flecha, acertando a maçã bem no centro. Com o impacto, a maçã voa raspando por cima da cabeça de Deus, que não move nem um músculo. Logo em seguida, Deus diz.

"Ei... você estava tentando me acertar?"

Com um ar arrependido, o cavaleiro responde.

"Minhas mais sinceras desculpas, meu Senhor. É que não suporto nenhum tipo de projétil vindo em minha direção."

Sua voz era abafada devido a máscara, mas alta o suficiente para qualquer um ouvir. Com um pequeno sorriso no rosto, Deus pega mais uma maçã enquanto fala.

"Sua hora finalmente chegou. A partir de amanhã, você irá até a Terra para liderar o seu esquadrão. 

Eu sei que você estava esperando por esse momento, então aproveite ao máximo, afinal não é todo dia que acontece uma repovoação, certo?"

O cavaleiro se ajoelha diante a Deus e diz.

"Agradeço pela vossa confiança, e lhe garanto que o Senhor não irá se arrepender."

Logo após agradecer, o cavaleiro se levanta e prepara-se para sair do salão, mas...

"Espere um momento, tenho algo para lhe ajudar."

Deus coloca sua mão direita em uma fenda dimensional que até então era invisível, e de dentro dela surgem diversas esferas brilhantes.

Surpreso, o cavaleiro pergunta.

"Meu Senhor, estas esferas são o que estou pensando que são? Porque se forem, creio que não sou digno de tamanha responsabilidade."

Deus olhou para o cavaleiro e começou a gargalhar. Algo parecia engraçado, apesar de que ninguém sabia o que era.

"Hahahaha!! Não se preocupe, considere isso como um presente de boas vindas à nova era, e mais, considere também como uma recompensa por ter sobrevivido até aqui."

Determinado, o cavaleiro mascarado pega as esferas e as estilhaça em minúsculas partículas. Após isso, uma luz toma conta de seu corpo. A intensidade da luz era forte o suficiente para queimar qualquer coisa dentro dela, mas nada acontecia com ele. Ele havia conquistado a luz, e agora conquistaria tudo a sua volta.

Após a luz cessar subitamente, o cavaleiro passa a olhar para a palma de sua mão, pensativo. A voz que antes era abafada, subitamente tornou-se forte e desafiadora. O cavaleiro de agora, já não era o mesmo de antes.

“O arco para amedrontar meus inimigos. A máscara para simbolizar a falsidade que envenena nosso mundo. Serei o anticristo do mundo, o que conquistará, o que mostrará a falsa inocência e a paz disfarçada que os humanos sempre acreditaram. Eu sou a Conquista”

Apenas observá-lo já era o suficiente para perceber que seu poder havia aumentado, e que seu objetivo havia sido finalmente determinado. Ele conquistará tudo, e não importa como.

Esse é o poder do primeiro cavaleiro do Apocalipse, a Conquista, o cavaleiro da máscara, arco, e do cavalo branco.

"Uou, aposto que a partir de agora você consegue conquistar todas as anjas do Paraíso. Que tal tentar a chance com Mirilim quando voltar?"

Sem demonstrar nenhuma emoção, Conquista responde friamente.

"Obrigado, meu Senhor. Mas creio que a Senhorita Mirilim não se relacionaria com um mero servo de Deus."

"Quem sabe? Não custa tentar... mas agora sua hora chegou! Vá, e traga de volta o que sempre foi nosso de direito.”

"Com sua licença, irei me retirar."

E com essas palavras, Conquista desaparece no imenso branco.

"Huh, vamos ver como você irá se sair, Conquista."

 
O Cavaleiro Conquista - Pintor Desconhecido


O Nada:


Escuro.

Frio.
 
Frio, e escuro.

Assim era o Submundo, o lugar onde o temido Diabo vive. Diferente da crença popular, o Submundo não é um lugar ruim, pelo menos não é ruim para pessoas ruins. Bondade não pode existir no Submundo, e quem demonstrar qualquer sinal de bondade é levado diretamente ao Inferno.

Agora você deve estar se perguntando, "mas Submundo e Inferno não são a mesma coisa?". A resposta é, não.

É possível explicar da seguinte maneira. O Submundo é todo o território do Diabo, já o Inferno é a prisão criada com o intuito de transformar pessoas "boas" em pessoas sem sentimentos, em pessoas que almejam a conquista de tudo.

Diferente de Deus, o Diabo não tem um exército enorme. Muito menos um poder absoluto como de Deus. Mas se há uma coisa que o Diabo têm é sua insuperável inteligência, a qual nem mesmo Deus foi capaz de superar.

Entretanto, essa fato parece estar mal contado, afinal como o Diabo teria uma inteligência superior a de Deus, se foi o próprio que o criou. Ironicamente, nem mesmo Deus sabe a resposta.

Atualmente, o Submundo está festejando o retorno de seu líder, que acabara de sair de seu sono de dois mil e quatorze anos. O Diabo estava sentado em seu trono de frente para a enorme multidão que se aglomerava na praça principal, chamada de Insanidade.

"Lucifer! Lucifer! Lucifer!"

A multidão gritava o nome de seu senhor como se ele fosse a salvação, o brilho de esperança.

E ele realmente é a salvação. Com todo o seu poder, Lucifer pode trazer de uma vez por todas a paz para seu povo. Foi por isso que ele entrou em uma espécie de estado de hibernação, pois esse era o único jeito de se infiltrar no mundo humano, e assim, estudá-los o máximo possível, para que então, 
conseguisse uma aliança com os humanos.

Dois mil e quatorze anos se passaram desde o início de suas pesquisas, e finalmente tudo estava preparado.

"Meu Lorde, o momento tão esperado chegou. Já mandei alguns dos nossos soldados a Terra para interceptar qualquer ataque de anjos contra humanos."

Quem acabara de informar Lucifer era a General Lilith, o ser mais poderoso do Submundo após Lucifer. Seu cabelo era curto, até os ombros, da cor purpura. Seus olhos eram verdes e lembravam uma enorme e viva floresta.

"Eu quero que salvem o máximo de humanos que conseguirem, afinal precisamos ganhar a confiança deles."

"Sim, meu Lorde."

Após curvar-se, Lilith prepara-se para se retirar, porém um mensageiro aparece repentinamente.

"Huff... huff... me-meu Lorde!"

Enquanto se levantava do trono, Lucifer arrumava sua gravata dizendo.

"Sim, eu já os esperava. Lilith, venha comigo, para caso eu resolva dar umas palmadas naquelas crianças."

"Sim, meu Lorde, será uma honra."

Após a confirmação, Lucifer e Lilith foram à sala de visitas, onde Mirilim ee Nisidhe se encontravam.

Chegando lá, os irmãos divinos estavam sentados em um luxuoso sofá vermelho. Mirilim apreciava as pinturas grotescas de anjos sendo mortos pelas mãos de Lucifer. Por algum motivo, que até mesmo Mirilim desconhecia, ela adorava este tipo de pintura, apesar de ser um anjo também.

Nisidhe, por outro lado, achava completamente insano o fato de um anjo gostar da arte de anjos caídos, ainda mais quando se é a filha legítima de Deus.

Com os olhos totalmente fixados na pintura, Mirilim pergunta a Nisidhe.

"Nisidhe, você não acha esplendida, e ao mesmo tempo engraçada esta pintura? Veja, neste quadro Lucifer aparece em cima de uma montanha de anjos mortos."

Nisidhe relutantemente a responde, além de fazer uma outra pergunta.

"Não, eu não acho esplendida, muito menos engraçada. Além disso, como isso pode ser engraçado?!"

Antes que pudesse respondê-lo, Mirilim é interrompida.

"Tenho que admitir que você aprecia boa arte, criança."

Quem havia chegado era o Lorde do Submundo, Lucifer, e sua mais poderosa guerreira, a General Lilith.

Surpresa pelo elogio vindo de Lucifer, Mirilim o responde.

"B-bem... obrigada?"

"Ha ha ha! Não fique envergonhada, eu apenas elogiei seu gosto por arte, nada mais. Não é porque eu vivo no Submundo que eu não sei elogiar uma mulher quando necessário."

Mirilim por alguns instantes sentiu-se atraída por Lucifer, porém Nisidhe interviu antes que a situação ficasse fora de controle. Ninguém pode culpar Mirilim por tal ato, afinal qual mulher resistiria um homem que aparenta ter 23 anos, corpo bem treinado, olhos verdes e dono do Submundo e da luxúria?

Entretanto, os irmãos não estavam ali para brincar, muito menos para se envolver fisicamente com Lucifer. Eles estavam ali para algo com uma importância muito maior. Nisidhe levanta-se e abre uma pequena fenda dimensional, e de lá, ele retira a espada dos 496 selos.

Lucifer, mostrando um enorme desinteresse, fala.

"Se foi para isso que veio, saiba que veio em vão. O seu pai realmente achou que eu já não sabia que ele tentaria me subornar com a minha antiga arrma? Aliás, essa espada é uma cópia, muito bem feita, porém não é a original."

Mirilim e Nisidhe ficam pálidos em questão de milésimos. Sem saber o que dizer, ambos ficam calados.

[...]

Sorrindo, Lilith entra na conversa.

"Como eu pensei, nem mesmo vocês sabiam que a espada era falsa! Isso só pode ser uma piada. Meu Lorde, creio que já esteja na hora de partirmos."

"Espere, senhor Lucifer! Aposto que isso é apenas um engano. Entrarei em contato agora mesmo com meu pai e-"

Em questão de segundos, Lilith apareceu em frente a Nisidhe com uma espada apontada para o seu pescoço.

"Negociações encerradas, docinho."

"..."

"Acredito que não há mais nada para conversar, então estarei me retirando." - Disse Lucifer enquanto se dirigia para fora da sala.

Porém Lilith permaneceu na sala junto aos irmãos. Curiosa, Mirilim pergunta.

"Ei você, General..."

"Lilith."

"Isso, General Lilith... por que continuar aqui se Lucifer já foi embora?"

"Porque serei eu que os escoltará para fora do Submundo, afinal não queremos que vocês façam alguma gracinha, certo?"

Dando um pequeno sorriso, Mirilim chega perto de Lilith, aproxima seu lábios ao de Lilith e diz.

"Bem, isso faz sentido, até porque eu sou bem travessa..."

"E eu posso ver com clareza isso." -- disse Lilith se aproximando cada vez mais de Mirilim.

A temperatura da sala havia aumentado drasticamente, dois seres mestres da luxúria, tentando alcançar a total dominação de seu rival, era isso que estava acontecendo naquele momento. Entretanto, Nisidhe limpa sua garganta e-

"Ahem! Odeio interromper a sua paixão ardente, minha irmã, mas precisamos informar ao noso pai sobre o final da nossa negociação."

Mirilim não gostou nada da interrupção e começou a reclamar como uma criancinha.

"Logo agora que ia ficar divertido, Nisidhe? Você sempre estraga minhas brincadeiras."

"Pare de reclamar e vamos embora. E General Lilith, não precisa nos acompanhar, sabemos o caminho de volta."

Mostrando total desgosto por seu irmão, Mirilim arruma seu cabelo, abre uma fenda dimensional, e vai embora. Nisidhe faz o mesmo logo em seguida, deixando Lilith sozinha.

"Fufufu... acho que teremos alguma ajuda vinda dos céus..."

*

Salão de Guerra -- Submundo.

Era quase a hora do amanhecer na Terra, e para o Submundo, este momento é crucial. O Salão de Guerra é o local onde todos os Generais se reúnem com Lucifer para poder planejar a próxima ação. Porém algo está faltando nesta reunião. Um dos generais ergue-se e começa a reclamar.

"Onde Lucifer está? A reunião já devia ter começado faz meia hora, porém nosso líder resolveu sumir no último instante! Além disso, Lilith também não está aqui, eu não posso acreditar na ousadia dessa nova geração."

Outro general, sentado ao lado oposto do general reclamão, replica.

"Senhor Xienzhu, eu já lhe disse que Lucifer precisou atender alguns mensageiros enviados dos céus. Então eu peço novamente que o senhor se acalme."

O General Xienzhu, um velho reclamão que se tornou general quando tinha 15 anos. Apesar de não parecer, ele é extremamente forte, a ponto de ter derrotado um exército de dois milhões de anjos sozinho. Sua aparência é um tanto curiosa. Careca, bigode, corcunda. Essas três palavras o resumiam. Xienzhu então responde novamente o outro General.

"Caro General Q'Onte, gostaria de informar ao senhor que eu desejo do fundo da minha alma que todos que vivem nos céus se EXPLODAM!" Você acha que eu ligo para eles? Me poupe! Essa reunião é muito mais importante."

General Q'Onte, o General mais poderoso logo após Lilith, não gostava muito de Xienzhu, e portanto estava se segurando para não avançar em cima do velhote. Porém isso não era difícil para Q'Onte, por que ele era o demônio mais calmo do Submundo. Calmamente, Q'Onte respondeu Xienzhu.

"General Xienzhu, se o senhor não está gostando da situação, porque o senhor não vai enfrentar alguns anjos ao invés de ficar sentado aqui?"

"Uoooooooouuuu!!!!!!" -- disse o general que mais parecia a encarnação de 2Pac.

Xienzhu que já havia ficado furioso com a resposta de Q'Onte, estava ainda mais exaltado devido a provocação vinda de Tec, o General que aparentava ser o rapper 2Pac.

"General Tec, quem o convidou para conversar? Posso estar velho, mas a minha memória é boa e tenho certeza que não o convidei."

"Ei, velho, se liga no que cê fala tá ligado? Eu não sô igual o Q'Onte que é calminho pra caralho, eu tenho um pavio bem curtinho mermão!"

"Olhe aqui se-"

[PASSOS]

Passos podiam ser ouvidos vindos do corredor, aparentemente eram duas pessoas.

Os generais, logo que ouviram os passos, passaram a se comportar como se fossem melhores amigos, afinal quem estava chegando era o Lorde Lucifer.

Quer dizer, quase todos estavam comportados.

"Engraçado como vocês só brigam quando o Lorde Lucifer não está entre nós. Eu ao menos admito que brigo, e ainda tenho orgulho disso."

Quem acabara de dar um sermão foi a General Yuzuko. Entre todos os sete generais, ela é a mais orgulhosa e disciplinada, e graças à esse comportamento, ela perdeu um olho. Indignado, Tec resolve se expressar novamente.

"Escuta aqui, vadia, cê não fala de mim desse jeito aí, beleza? Ou cê qué caí na porrada?!"

"Pode vir, seu aspirante a rapper!"

"Tsc, tsc... Eu saio por alguns minutos e minhas crianças já estão brigando de novo?"

Com essas poucas palavras, Lucifer conseguiu acabar instantaneamente com a discussão por completo, ou quase.

"Não venha intervir novamente, meu Lorde! Esse Tec está ferindo meu orgulho!"

"Eu entendo os seus motivos, mas não posso deixar que se matem, afinal vocês devem ir para a Terra depois desta última reunião."

"Humph!"

Após uma certa dose de persuasão, Yuzuko se acalma e se senta eu sua cadeira. Logo após a confirmação de que todos estavam presentes, Lucifer dá início a reunião dos 7 Generais, conhecidos na Terra como os 7 pecados capitais.

Após limpar a garganta, Lucifer começa a sua palestra introdutória.

"Primeiramente, boa noite Generais."

""Boa noite, Lorde Lucifer!""

"Oh, vejo que vocês estão bem animados hoje. Bom, todos menos o General Ocaorium, que obviamente está dormindo."

Quando Lucifer disse isso, todos olharam para Ocaorium, o general preguiçoso. Porém se você pensa que ele não está prestando atenção, você está redondamente enganado, pois Ocaorium, apesar de estar dormindo, é o único que está realmente prestando atenção em tudo.

 "De qualquer forma, creio que todos saibam o motivo de terem sido convocados aqui hoje, correto? Certo, vamos então deixar todos vocês a par da situação atual."

Ao estalar os dedos, Lucifer abre uma enorme projeção atrás de si. Nesta projeção aparecia imagens em tempo real da Terra.

"Podemos ver claramente o que aconteceu hoje. Deus começou a sua repovoação novamente, e claro, a está fazendo com extrema violência e sem nenhuma estratégia. O ponto principal que quero abordar nesta reunião é: como iremos fazer com que Deus perca a guerra contra os humanos."

De repente um homem extremamente magro levanta a mão para poder falar. Após receber a autorização de Lucifer, ele diz.

"Eu acho que deviamos *chomp* e depois podíamos *chomp*, sabe?"

[...]

"Bem acredito que isso não funcionaria General Merilius. Mais alguma sugestão?"

Tendo sua sugestão recusada, Merilius abre um pacote de salgadinho e começa a devorá-lo. Em seguida, Lilith se pronuncia.

"Lorde Lucifer, acho que poderíamos tentar nos aliar aos humanos, afinal nossa maior arma é a persuasão. Além disso, a maior parte da humanidade é corrupta, ou seja, são facilmente manipulados."

Após ouvir a sugestão de Lilith, Lucifer percebeu o quão inteligente ela poderia ficar com um pouco mais de tempo. Lucifer também sabia que deveria tomar cuidado com Lilith, pois ela era a única General que tem o potencial de se tornar mais poderosa que qualquer ser do Submundo. Entretanto, essa preocupação não deve ser levada em conta neste momento, ou seria?

"Lilith, como sempre sugerindo ótimas ideias! Vamos continuar com o método de persuasão, e então, vamos adquirir a confiança de cada humano, mas principalmente a confiança de seu filho, Yuzuko.

"O quê? Eu jamais irei falar com aquele indivíduo novamente! Já passei tempo demais fingindo ser a mãe dele." -- disse Yuzuko recusando quaisquer que fossem as ordens de Lucifer.

"Eu sei que você é muito orgulhosa, e também sei que seu orgulho foi ferido ao saber que ele não têm o potencial, mas você não pode negar que ele é um de nós. Além disso, Deus já mandou algum mensageiro se comunicar com ele."

Enquanto ouvia as palavras de Lucifer, Yuzuko começou a pensar se deveria tratar alguém sem o dom como um semelhante. Para ela, isso era algo difícil de assimilar. Após ficar em silêncio por alguns segundos Yuzuko diz.

"Tudo bem, irei fazer isso só porque é um desejo do Lorde Lucifer."

Yuzuko não enganava ninguém, pois todos ali presentes sabiam que ela gostava de seu filho, porém seu orgulho a impossibilitava de dizer ao mundo.

“Ahem! Então está decidido. O plano será o seguinte: iremos manter a tática de persuasão, e faremos com que Yuzuko convença seu filho humano para que ele se junte a nós. Ah, e General Tec, quero que vá à Terra para dissiminar um pouco de raiva na mente de todos."

"Sim, Lorde!"

"O resto de vocês estarão encarregados do treinamento de novos recrutas. Caso ocorra uma nova mudança de planos, eu irei notificá-los. Dispensados!"

Após o fim da reunião, Lucifer foi em direção a Yuzuko, e quando a alcançou disse.

"Espero que faça um bom trabalho, Yuzuko."

"Não se preocupe meu Lorde, tudo seguirá conforme o desejado."

"Haha! Assim espero, assim espero."

Depois de garantir que sua missão iria ser um sucesso, Yuzuko saiu em direção ao portal entre o Submundo e a Terra. Assim que Yuzuko saiu, Lilith direciona suas palavras para Lucifer.

"O senhor acha que ela é capaz de completar a missão sem deixar os sentimentos intervirem?"

"Minha querida Lilith, acho que você ainda não entendeu o motivo pelo qual o grupo mais forte do Submundo é o dos 7 pecados."

"Claro que sei, o motivo pelo qual o meu grupo é o mais forte é devido as nossas vitórias em cima de outros grupos."

Lucifer, quando ouviu Lillith, não aguentou e caiu na risada. Sem entender, Lilith fica incomodada e pergunta.

"Por que o senhor está rindo tão intensamente?"

Enquanto secava as lágrimas que escorriam devido ao excesso de risos, Lucifer responde.

"Mas você realmente acreditou nessa historinha? Vocês são os mais fortes e mais adequados por apenas um motivo: cada um de vocês têm uma característica única, e essa característica é mais poderosa que qualquer sentimento que possa existir. No caso de Yuzuko, seu orgulho é tão poderoso que nem mesmo o amor pelo seu filho fará com que ela falhe em seu objetivo. Você consegue entender agora, pequena Lilith?"

Dando um leve sorriso, Lilith põe as mãos no rosto de Lucifer e o acaricia enquanto sussurra.

"Inteligente, como esperado do meu Lorde Lucifer..."

Lucifer agarra o rosto de Lilith com ambas as mãos e alcança os seus lábios.

Após o beijo, ainda abraçada com Lucifer, Lilith diz.

"Bem, acho que tenho que resolver alguns assuntos pendentes, Lorde Lucifer. Vejo o senhor mais tarde."

Lilith então larga Lucifer e vai embora do salão de guerra, deixando Lucifer sozinho. Quando Lilith já havia saído do salão, Lucifer olha para a projeção exibida a sua frente. Na projeção era possível ver um grupo de pessoas em um bairro da Terra. Vendo a imagem, Lucifer sussurra para si mesmo.

"Espero que você aceite sua mãe, garoto. Você pensa que é alguém comum, mas não é, você tem o potencial, só que sua mãe não sabe disso... Veremos como esta história irá se desenrolar, certo?


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